baixa, domingo de manhã,

Porto. Procuramos um sítio para tomar pequeno-almoço ao sol. Tudo fechado. O Majestic fechado, pessoas à porta. Na Batalha, meia dúzia de cafés chungosos abertos, ao lado dos velhos e das putas. Nos Leões, tudo fechado. Até o piolho, o Ceuta, o Progresso. Tudo. O Guarany estava aberto, mas é escuro lá dentro e está cheio de menus e preços à porta, e nós queremos sol. Depois de meia hora a andar a pé, ficamos numa esplanada na avenida dos Aliados.
A primeira prova é encontrar uma cadeira que não tenha merda de pombo. Passada esta, a segunda é conseguir a atenção da única empregada para 50 mesas. Enquanto esperamos, que foi mais meia horita, os pombos que se acumulavam junto dos restos das mesas levantam todos vôo ao mesmo tempo. Está uma velha, do outro lado da avenida, a "deitar milhinho às pombinhas". Lá somos servidos, e entretanto voltam os bichos para a nossa beira - outra velha, sentada na esplanada, atira-lhes bocados da torrada que estava a comer. Por fim levanta-se e vai para outra mesa, falar com outros velhos, e deixa uma maçã meia comida em cima da mesa dela. Os pombos começam a debicá-la e a lutar uns com os outros, sempre em cima das mesmas mesas em que os clientes são servidos. Quando a velha dá conta disso, levanta-se e dirige-se para a maçã - "Ai seus filhos da puta! Tão-me a comer a maçã! Xô!" Afasta-os, pega na maçã e atira-a para o meio da rua - "Vão comer para aí, seus filhos da puta!". Os pombos agradecem e vão comer para ali ao lado. Nós vamos embora.

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Isto há-de lá ir, mas vai indo tão devagar, tão devagarinho....